Entender Portugal em 2021 e a actual crise política? Apenas olhando para a Agenda 2030.

 
Não é novidade alguma que Portugal tem hoje em dia uma soberania fortemente condicionada. A nossa integração europeia, a condição de dependentes das decisões da Comissão Europeia, do direktorat dos países fortes da União europeia, do BCE (que nos garante os juros baixos já em nada ligados a mercado), às Nações Unidas e sua Agenda 2030, determinam, mais ou menos sub-repticiamente o que nos vai acontecendo. 

Algumas partes da Agenda 2030 são óbvias. São elefantes no meio da sala sobre o quais falamos e implementamos projectos e políticas públicas sem no entanto os relacionarmos ao programa da ONU. Exemplos concretos: a política de imigração, a política energética, toda a panóplia de planos de investimentos determinados centralmente por Bruxelas depois de serem - pela Comissão e Parlamento Europeu - definidas as prioridades. Nós, portugueses, somos “achados” apenas na parte relativa à construção de parte dos projectos. Na implementação e com as regras de enquadramento e desenvolvimento decididas a priori da nossa participação. 

Outras partes são menos óbvias. Como se garante a plena participação de Portugal no mundo global que se preconiza para 2030? - Fazendo nas instituições públicas, agências de investimento, organismos não-Governamentais e para-Governamentais o trabalho de construção de 2030. Funcionários portugueses e estrangeiros implementam na prática os programas que os nossos políticos aprovam (quase-acriticamente ou mesmo sem alguma crítica) depois da decisão efectiva dos poderes europeus. E esta implementação sub-reptícia avança inexoravelmente e sem escrutínio público-mediático ou popular. 

Sem entrar em juízos de valor, afirmando ser a Agenda 2030 boa ou má para o país, o facto é que está a ser determinante e os portugueses não são ouvidos, consultados, interpelados, sobre se a querem ou deixam de querer. E a crise política actual com a não-aprovação do orçamento pode ser mais um passo para que a parte sub-reptícia da Agenda avance ainda mais. 

Como?

Quando Marcelo Rebelo de Sousa condiciona a criação de uma alternativa de direita gera a situação ideal para o evitar de uma maioria absoluta de direita em 2023. Ao serem marcadas eleições para o início de 2022 força o PSD a ir a eleições com a votação que Rio teria. Mesmo sem Rio. O CDS em nada contribuirá com os seus 2% (máximos!) para uma maioria de direita. O CHEGA! poderá subir o número de deputados, mas isso contribuirá para ainda mais condicionar o crescimento futuro do PSD, nas mãos de Rangel (um líder que tem pouco de popular). E a direita ficará mais longe do poder. 

Significa isto que o poder entregue à esquerda em Portugal favorece a Agenda 2030? 

Sim. Claro que sim. Costa ou o “homem do PS que se lhe segue” estarão sempre disponíveis para cumprimento das instruções centralizadas de Bruxelas ou de Nova Iorque. Para isso basta o aceno com milhões de investimento dentro de um quadro de projectos “permitidos”. Tal como nos tem acontecido desde a integração europeia e com o resultado que temos à vista.

Para quem tenha curiosidade sobre o que é a Agenda 2030, poderá ver aqui o programa da ONU: https://sustainabledevelopment.un.org/content/documents/21252030%20Agenda%20for%20Sustainable%20Development%20web.pdf

Ou pode ver aqui a aceitação por parte da União Europeia da Agenda 2030: https://ec.europa.eu/info/sites/default/files/factsheet-eu-delivering-2030-agenda-sustainable-development_en.pdf

Lendo os programas vemos vários objectivos imediatamente concordáveis. Como exemplo o de “erradicação da pobreza”. Recordamos que desde a data de fundação da ONU (24/10/1945) que a organização preconiza “acabar com a pobreza”. Entretanto a pobreza tem reduzido mas sempre via programas de livre-mercado e nunca pelos paliativos que as agências das Nações Unidas vão largando pelos países em vias de desenvolvimento ou sub-desenvolvidos acompanhados sempre de declarações solenes e muita propaganda. 

Para efeitos de análise global, é bom recordar que os programas das Nações Unidas, associados ou não ao FMI e Banco Mundial, são quase sempre de matriz e cariz socializante ou socialista. E o socialismo nunca foi conhecido por enriquecer as populações. 

Aliás, a Agenda 2030 por via das imposições ambientais, poderá ser o grande equalizador da “riqueza global” ao criar uma futura classe média paupérrima pois tudo será tão regulado e a livre-iniciativa tão condicionada que o pequeno investimento será muito dificultado e haverá um agravamento das desigualdades tal como assistimos agora entre os muito ricos (1%) e os pobres (todos os outros). 

É nisto que estamos a participar. Sem o “sentirmos”. E vamos para eleições mantendo e reforçando o contexto em que a Agenda 2030 avança. 

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